24 janeiro 2010

Arruda dá Sorte, Azar ou um Bom Chá?

(Autor: Antonio Brás Constante)

Muitos são os mitos sobre amuletos e atitudes que dão sorte ou azar. Não é à toa que as pessoas pulam ondas (não tentem fazer isso em locais com tsunamis), comem lentilhas (felizmente apenas neste período) ou vestem roupas brancas para atrair sorte (se aparecer qualquer mancha de sujeira na roupa, desconfie de sua sorte), no inicio de cada novo ano.

Eu, Por exemplo, cresci ouvindo falar que chinelos ou sapatos virados com a sola para cima davam azar, tanto que sempre que vejo algum calçado virado tenho que desvira-lo, mesmo sabendo que isto é pura superstição sem sentido. Porém, hoje eu sei que carros virados com as rodas para cima são sinais muito maiores de azar, principalmente para pessoa que estiver dentro deles.

Alguns acham que pés de coelho e ferraduras dão sorte, mas se isso fosse verdade, burros não tinham suas patas presas a chaveirinhos e coelhos não puxariam carroças, ou vice-versa. Mas o que falar então da arruda?

Dizem que um galho de arruda atrás da orelha espanta o mau-olhado, o pé grande e até o monstro da fumaça dos episódios de Lost (que como todos sabem foi criado através da junção de vários demônios exorcizados e desempregados, saídos do seriado sobrenatural, mas isso é apenas mais um dos segredos da ilha de Lost). O que devemos ter em mente é que o que traz sorte para uns acaba azarando a vida de outros.

O ano de 2009 deixou a arruda em evidência na mídia, visto que duas arrudas foram motivo de muita discussão e divulgação, uma atraindo sorte e a outra azar.

Primeiro foi o caso da Geisy, cuja arruda de seu nome juntamente com um pouco de sorte e um pouquinho de saia, fizeram com que saísse do anonimato lançando-a aos holofotes do sucesso. Ela brilhou como revelação do ano, justamente por ter se vestido com uma peça de roupa justa, que revelava partes reveladoras de seu corpo, para olhos que se revelaram pouco amistosos e que agiram de forma injusta diante de suas tão expostas revelações.

Quando se achou que nenhuma outra filmagem poderia causar mais polêmica do que aquilo que a saia da moça não escondia, uma nova arruda apareceu na imprensa, na figura de um governador.

O vídeo mostrava como ele sabia fazer um belo e indecente pé de meias para si e para seus aliados que rezavam por isso. Aliás, quem achou escandalosa as coxas a mostra da loira, deve ter ficado bestificado com o uso da indumentária dos partidários do D.E.M (Dinheiro Escondido nas Meias), que não mostravam e sim escondiam suas vergonhas juntamente com polpudas propinas. Neste caso o azar tomou conta dos envolvidos com este tipo de arruda, e a lavagem de dinheiro a partir de então começou a ser permitida e até mesmo obrigatória, já que as pessoas passaram a ficar desconfiadas sobre como (e onde) o dinheiro público era guardado, e a expressão “dinheiro sujo” passou a ter um sentido mais literal.

Enfim, indiferente a estes exemplos do poder da sorte ou do azar vinculados com arrudas, o que podemos dizer é que o bom mesmo seria se pudéssemos transformá-los em um bom chá... De sumiço.

NOTA DO AUTOR: Os amantes da leitura agora dispõem de um excelente portal chamado: www.skoob.com.br, funciona como uma rede social (tipo orkut), mas com ferramentas de leitura, tipo: Estante virtual para cadastrar seus livros, histórico de leitura, resenhas, etc. Quem quiser participar vai encontrar por lá o meu singelo livro “Hoje é seu aniversário”, não esqueçam de adicioná-lo em suas estantes, ok? Quem quiser também pode me pedir uma cópia em PDF do livro, ou para fazer parte de minha lista de leitores, que recebem semanalmente meus textos, para isso basta enviar um e-mail para: abrasc@terra.com.br.

SOBRE O AUTOR: Antonio Brás Constante se define como um eterno aprendiz de escritor, amigo e amante da musa inspiração. Lançou recentemente o livro: “Hoje é seu aniversário – PREPARE-SE”, disponível pela editora AGE (www.editoraage.com.br).

Site: recantodasletras.uol.com.br/autores/abrasc

06 janeiro 2010

Receita de Ano Novo



Para você ganhar belíssimo Ano Novo 
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, 
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido 
(mal vivido talvez ou sem sentido) 
para você ganhar um ano 
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, 
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; 
novo 
até no coração das coisas menos percebidas 
(a começar pelo seu interior) 
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, 
mas com ele se come, se passeia, 
se ama, se compreende, se trabalha, 
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, 
não precisa expedir nem receber mensagens 
(planta recebe mensagens? 
passa telegramas?) 








Não precisa 
fazer lista de boas intenções 
para arquivá-las na gaveta. 
Não precisa chorar arrependido 
pelas besteiras consumidas 
nem parvamente acreditar 
que por decreto de esperança 
a partir de janeiro as coisas mudem 
e seja tudo claridade, recompensa, 
justiça entre os homens e as nações, 
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, 
direitos respeitados, começando 
pelo direito augusto de viver. 








Para ganhar um Ano Novo 
que mereça este nome, 
você, meu caro, tem de merecê-lo, 
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, 
mas tente, experimente, consciente. 
É dentro de você que o Ano Novo 
cochila e espera desde sempre.







Carlos Drummond de Andrade

05 janeiro 2010

Direito? Errado!

Toda reunião familiar ou entre amigos era sempre a mesma coisa... “Batata” pensava Odete, “Tava demorando!”
Há anos que a jovem tinha de ouvir ou fingir não fazê-lo, a mãe lamentar para os demais: - Ai, se dependesse de mim, Odete teria cursado Direito... – ela suspirava. – Já estaria empregada, viajando mundo afora e influente... Mas esta menina adora ser do contra!
“Ai, saco!” a jovem pensava. “A mamãe está por fora!” dizia a si mesma, e, continuava, “Este mercado está saturado. Hoje em dia, em qualquer birosca tem uma faculdade de Direito e um bando de formado sem emprego e ainda assim, se achando com o rei na barriga, só porque cursou Direito!”
O problema era que dona Gertrudes arrependia-se por não ter feito tal curso, além de confundir o idealismo da filha, com vocação nata para exercer a função. Queria porque queria que a filha cursasse as ciências jurídicas...
- Deus me livre! – bradava Odete. – Num país onde só os 3 P vão presos? Onde a “justiça” é risível? Onde impera impunidade? Onde o povo pensa que cidadania constitui usufruir os direitos sem ter de cumprir, também, os deveres?
Alguns engraçadinhos gozavam da amiga, dizendo-lhe que o discurso para a candidatura a presidência, já estava pronto; e que votariam nela.
- Política? Falam sério? Nem morta! – Odete dizia convicta. – Políticos, todos, mentem, roubam...
Apressadamente, um corta a conversa. Logo, os amigos passam a conversar sobre assuntos quaisquer do cotidiano, como por exemplo, a rotina de suas profissões. Um, era ator e fazia bico como atendente de loja, para sobreviver. O outro era formado em educação física e trabalhava como personal trainer e; um terceiro era jornalista, indignado com a decisão de inexigência de diploma para o exercício de sua profissão.
Em comum com Odete – exceto o formado em educação física, que ela odiava – além das formações, os amigos sentiam uma repulsa por Direito. Tinham dúvida se era o fato de não acreditarem na justiça ou, se era devido a encheção de saco dos respectivos pais; importunando-lhes por conta de não terem se tornado bacharéis da área.
Por castigo, ou ironia do destino, o grupo de amigos tinha de estudar maçantes matérias de Direito, cobradas em larga escala nos concursos públicos. Tal fato comprovava que os amigos não tinham sequer vocação para o ramo...
Contudo, esse não era o principal problema. O maior suplício – no caso de Odete – era ter de conviver e escutar os lamentos de dona Gertrudes: - Ai, se minha filha tivesse feito Direito!



Sejamos 10

Gostaria de começar o ano desejando aos caros leitores e leitoras felicidades, saúde, paz, sucesso, dinheiro - também né? - e, que todos possamos recomeçar nossas histórias pessoais em uma folha em branco, visando o êxito e com o pé direito. Aproveito para avisar que neste mês, a partir do dia 9, estarei viajando e por duas semanas ficarei sem acesso a internet e assim, sem poder atualizar o Espaço da Palavra. Assumirei o compromisso de, no mínimo, 6 postagens por mês... e neste ano, assunto não vai faltar. É ano de eleições e política sempre é prato cheio para críticas e comentários.  Infelizmente, pessimistas no geral, porque a corrupção anda reinando, lado a lado com o cinismo e a falta de vergonha na cara dos representantes da classe. Mas também, terão as crônicas e os contos, porque até no intuito de criticar as atrocidades da politica, as vezes cansa...
Breve comentário: Lamentável o comentário altamente baixo e preconceituoso do profissional renomado em sua área, Boris Casoy, acerca de garis desejarem Feliz Ano Novo. Infelizmente, em nosso país, algumas pessoas pobres de espírito os consideram seres inferiores. Ideia abominável, pois eles também são seres humanos, trabalham honestamente e, apesar de inconveniente de trabalhar em meio ao lixo e ao odor nada agradável que isso exala; deveriam ser respeitados como todo e qualquer ser humano deseja e merece ser respeitado. 
Bem, mais uma vez, desejo aos leitores um feliz 2010; repleto de alegrias e vitórias; além de agradecer pelo carinho!


Lilly Soares