31 maio 2010

Martirizados no Mercado II


MARTIRIZADOS NO MERCADO II
(AUTOR: Antonio Brás Constante)

Todo mês é a mesma coisa, ir ao mercado fazer compras. Mais que uma obrigação ou necessidade, trata-se de uma penitência que muitos passam para abastecer seus lares. Na prática a pessoa que vai as compras entra com o bolso cheio de dinheiro e o carrinho vazio, para sair com o bolso vazio e o carrinho, digamos, se não totalmente cheio, ao menos não tão vazio como na entrada.

O mercado é um local onde acabamos revendo velhos conhecidos, talvez porque a grande maioria receba seus salários na mesma época do mês. Você entra e já vai logo dando de cara com algum rosto que há muito tempo não via. Geralmente são pessoas que apesar de conhecidas, não dispõe de vínculos muito fortes com você. Ou seja, ótimas para se ver uma vez lá que outra e dar um aceno ou um aperto de mão, mas não para se esbarrar a todo o momento, em um local onde o foco são as compras e não necessariamente reencontros casuais.

No primeiro contato, ambos ficam meio sem jeito, sorriem e trocam cumprimentos do tipo: “você por aqui fulano!” Ou “há quanto tempo hein?”. Cada um tenta seguir para um lado, mas se dão conta que estão indo pelo mesmo caminho.. Trocam novos sorrisos amarelos, até que um dos dois resolve parar sob qualquer pretexto para deixar que o outro siga em frente.

O que acaba acontecendo, é que os dois passam o tempo inteiro se encontrando entre os corredores do mercado. Nas primeiras vezes, um passa pelo outro e diz alguma coisinha ou faz alguma careta do tipo: “lugar pequeno este!”. Por fim começam a disfarçar ao perceberem a aproximação do outro, procurando preços ou lendo algum rótulo, para não ter que olhá-lo novamente, pois não querem parecer indelicados.

Alguns tentam pular corredores, mas não adianta, pois o outro tem a mesma idéia e voltam a se encontrar novamente. A melhor forma de se resolver este impasse é passar a andar ao lado de seu conhecido e tentar iniciar um diálogo com ele. Porque a partir daí parece que todo mercado conspira para que vocês não consigam mais ficarem juntos.

Quem acha que fazer compras é fácil, esquece do stress que se passa nessas horas. Em cada corredor as pessoas têm que: cuidar de seus filhos para que não quebrem nada (nem se quebrem), olhar os preços, procurar o produto desejado, cuidar para não bater no carrinho da frente e verificar os itens da sua lista, calculando o quanto pode gastar.

Daí você entra em um novo corredor, olha novamente os preços, cuidando do carrinho da frente, procura o novo produto desejado, acerta sua lista, recalcula o valor disponível e sente que está se esquecendo de algo, mas o que será? Olha em volta e percebe que seu filho sumiu. Sente um frio na barriga quando lembra que a pouco viu ele junto a você no último corredor que passou. Ao relembrar disso, seu corpo todo estremece. Uma sensação terrível de desespero envolve você, pois se dá conta que o corredor que acabou de passar era justamente aquele onde ficavam as bebidas importadas, e pelo que você se recorda, os vinhos de cento e poucos dólares ficavam bem ao alcance das mãozinhas desajeitadas e curiosas de seu “anjinho”. Volta correndo pelo corredor a tempo de salvar as garrafas e seu bolso, passando a levar seu filho dentro do carrinho por medida de segurança.

Por fim deixo alguns conselhos: Evite ir ao mercado de estômago vazio. Pesquisas mostram que pessoas com fome compram uma porcentagem a mais em gêneros alimentícios. Outro conselho: se você for comer, não faça o lanche nas praças de alimentação dos mercados, pois certamente a tal porcentagem que você economizaria, acabará sendo gasta no seu “lanchinho”, e é bem provável ainda que você acabe se esbarrando novamente com aquele seu conhecido por lá.


NOTA DO AUTOR: Os amantes da leitura agora dispõem de um excelente portal chamado: www.skoob.com.br, funciona como uma rede social (tipo orkut), mas com ferramentas de leitura, tipo: Estante virtual para cadastrar seus livros, histórico de leitura, resenhas, etc. Quem quiser participar vai encontrar por lá o meu singelo livro “Hoje é seu aniversário”, não esqueçam de adicioná-lo em suas estantes, ok? Quem quiser também pode me pedir uma cópia em PDF do livro, ou para fazer parte de minha lista de leitores, que recebem semanalmente meus textos, para isso basta enviar um e-mail para: abrasc@terra.com.br.

SOBRE O AUTOR: Antonio Brás Constante se define como um eterno aprendiz de escritor, amigo e amante da musa inspiração. Lançou recentemente o livro: “Hoje é seu aniversário – PREPARE-SE”, disponível pela editora AGE (www.editoraage.com.br).

Site: recantodasletras.uol.com.br/autores/abrasc

ULTIMA DICA: Divulgue este texto aos seus amigos (vale tudo, o blog da titia, o orkut do cunhado, o MSN do vizinho, o importante é espalhar cada texto como sementes ao vento). Mas, caso não goste, tenha o prazer de divulgá-lo aos seus inimigos (entenda-se como inimigo, todo e qualquer desafeto ou chato que por ventura faça parte de um pedaço de sua vida ou tente fazer sua vida em pedaços).


22 maio 2010

Os Pastéis que Viraram Texto


OS PASTÉIS QUE VIRARAM TEXTO (leia enquanto estão quentes)
(Autor: Antonio Brás Constante)

Muitas das histórias contadas nos recantos deste gigantesco orbe, salgado e molhado, conhecido como planeta Terra, entram em nosso mundo literário pelas vivências de seus habitantes, que as espalham através da cumplicidade entre a boca de uns e os ouvidos de outros. O texto a seguir é algo neste estilo.

Tudo começa com a viagem de um jovem (nem tão jovem) que poderia ser conhecido como: Evaldo da firma de advocacia, Olinto da clínica dentária, Ricardo da padaria, Jorge da borracharia, entre tantos outros nomes, mas que chamaremos nesta narrativa apenas de Osório.

Osório resolveu passar as férias com sua família (esposa e filha) em algum lugar ao norte do País tupiniquim onde eles viviam. Viajaram para um local recheado de praias paradisíacas que pareciam verdadeiros cartões postais e de onde eram vendidos cartões postais repletos de imagens de praias paradisíacas. Vale lembrar que nas viagens tipicamente de férias, tudo tende a ser uma festa. O relógio é esquecido e o tempo passa a fluir livremente, sem importunar ninguém. A rotina dá lugar à sede de se conhecer novos lugares, bares, pousadas, pontos turísticos e restaurantes.

Em uma destas investidas turísticas Osório e família encontram um pequeno restaurante em um dos lugarejos por onde passavam e passeavam. Era um ambiente bem descontraído e agradável, temperado com um aroma delicioso. Após uma rápida consulta ao cardápio, resolvem pedir uma porção de pastéis, sendo seis de queijo e seis de camarão.

Enquanto esperavam a refeição, os três iam matando o tempo curtindo os sons do lugar e a fragrância da culinária local que se espraiava por todo recinto, vinda das outras mesas e da cozinha. Eles pareciam jogar conversa fora, o que não era totalmente verdade, já que seus ouvidos faziam um certo tipo de reciclagem cerebral dos assuntos ali discutidos, ou seja, os diálogos com pitadas de humor eram armazenados na área mental das “vivencias felizes”, as ponderações sobre as belezas do lugar ficavam no compartimento das “boas lembranças”, e qualquer tipo de comentário sobre política era imediatamente descartado, indo parar diretamente na lata de lixo destinada ao esquecimento, para não estragar o passeio.

Mas bastou passar pouco mais de meia hora de tranqüila espera ociosa e o estômago de nossos personagens já começou a querer entrar na conversa, demonstrando um vazio incômodo, que insistia em ser preenchido. Osório resolve chamar o garçom e perguntar sobre seu pedido, o garçom pede um momento, dizendo que já iria verificar e sai, sumindo por entre as mesas.

Mais meia hora se passa até que o garçom retorne. Ele chega avisando que o pedido não foi ainda entregue porque os camarões estavam em falta, podendo ser feitos apenas pastéis de queijo. O estômago de Osório pareceu não ter gostado muito daquela informação, e fez questão de enfatizar isso com ruídos pouco amigáveis. Em um misto de fome, impaciência e raiva, devidamente reprimidas pela boa educação e pelo clima de férias. Ele pede ao garçom que traga pastéis de queijo. Osório fala em um tom ainda tolerante e tentando, dentro do possível, parecer cordial, mas seus dentes semi-serrados deixavam dúvidas se ele estava esboçando uma tentativa frustrada de sorriso, ou se acabara de ser acometido por uma insuportável dor abdominal, proveniente de um ataque de apendicite aguda e inesperada.

Outra meia hora escorre pelos ponteiros do relógio até o garçom reaparecer com um ar de dúvidas e incertezas em seu semblante, e o que é pior, sem nada de pastéis em sua bandeja. Ele olha para Osório que também olha para ele, um silêncio tenso se forma entre os dois, quebrado pela pergunta derradeira do garçom:

- Moço, desculpe perguntar, mas... Vocês vão querer seis ou doze pastéis de queijo?

NOTA DO AUTOR: Os amantes da leitura agora dispõem de um excelente portal chamado: www.skoob.com.br, funciona como uma rede social (tipo orkut), mas com ferramentas de leitura, tipo: Estante virtual para cadastrar seus livros, histórico de leitura, resenhas, etc. Quem quiser participar vai encontrar por lá o meu singelo livro “Hoje é seu aniversário”, não esqueçam de adicioná-lo em suas estantes, ok? Quem quiser também pode me pedir uma cópia em PDF do livro, ou para fazer parte de minha lista de leitores, que recebem semanalmente meus textos, para isso basta enviar um e-mail para: abrasc@terra.com.br.

SOBRE O AUTOR: Antonio Brás Constante se define como um eterno aprendiz de escritor, amigo e amante da musa inspiração. Lançou recentemente o livro: “Hoje é seu aniversário – PREPARE-SE”, disponível pela editora AGE (www.editoraage.com.br).

Site: recantodasletras.uol.com.br/autores/abrasc

ULTIMA DICA: Divulgue este texto aos seus amigos (vale tudo, o blog da titia, o orkut do cunhado, o MSN do vizinho, o importante é espalhar cada texto como sementes ao vento). Mas, caso não goste, tenha o prazer de divulgá-lo aos seus inimigos (entenda-se como inimigo, todo e qualquer desafeto ou chato que por ventura faça parte de um pedaço de sua vida ou tente fazer sua vida em pedaços).

18 maio 2010

Absurdos nossos de cada dia...




Absurdos nossos de cada dia: uma terrorista e guerrilheira falando em combate ao terrorismo. Uma certa deputada tão maculada, cuja vergonha na cara é inversamente proporcional às incontáveis aplicações de Botox; é pega com a boca na botija e no cinismo que lhe é inerente - e aos demais pra-lamentares - se diz vítima de pegadinhas... Como se se tratasse de uma câmera indiscreta como as mostradas todo domingo no programa Sílvio Santos.


Por outro lado, enfim terminou aquela novelinha insossa do Manoel Carlos, Viver a Vida; a qual constituía-se em uma verdadeira Ode à Traição e, ainda pior, como todas as novelas desse autor, era surreal de tão "verossímel"...
E, mudando de assunto... O que se passa na cabeça dos ciclistas do Distrito Federal? Eles parecem achar perfeitamente normal, ter uma embromação como suposta ciclovia - as malditas ciclofaixas, feitas no acostamento - e andaram reclamando do desrespeito dos motoristas.  Detalhe: muitos deles ficam na pista - nem sequer é na tal da ciclofaixa - e ainda ousam reclamar que não são respeitados...
É como o eterno pedestre irresponsável que vive a "demonizar" o motorista, porém, jamais confessará que também não cumpre seus deveres. Ou como os arrogantes motoqueiros que aprontam as maiores barbaridades no trânsito e, aproveitando-se da majestade do carro perante a moto, adoram se fazer de vítimas. Fazer o quê? No trânsito caótico dos grandes centros urbanos,  nada é o que parece ser, e o que não tem remédio, remediado está... Já bem dizia os ditos populares.
E os absurdos pré-copa? Junho ainda nem chegou e já se cogita não ter expediente por causa do evento... Como se fosse "normal" o país todo parar por conta de um jogo... Será que nos outros países também é assim? Quisera saber responder! Contudo, ainda pior, são os hipócritas de plantão a criticar os políticos por almejarem fazer o mesmo... Não é nem que tal categoria mereça ser defendida, mas neste caso, eles apenas assumem querer o mesmo que grande parte dos cidadãos comuns... 
Sem falar nos patriotas eventuais - ou os também denominados de fachada - que na verdade, melhor nem comentar... Sob risco de me exaltar e de me expor de forma um tanto quanto hiperbólica e exacerbada...
Por ora, termino por aqui! Se fosse possível analisar o cenário atual em que vivemos sob um prisma deveras crítico, a lista de absurdos do cotidiano seria tão extensa, que seria preciso, talvez, até uma tese para comentá-los... E isso, porque ainda não começaram as campanhas eleitorais... Quer dizer, ao menos, não oficialmente. Eis a República das Bananas mostrando a sua cara...