12 novembro 2012

É Sério Isso Aí?

Nada tão ruim quanto acordar bem cedo, neste maldito horário de verão, num tempo frio e chuvoso e ainda ter que enfrentar a imensa gama de ansiedade que nos acomete em dia de prova de concurso público. Seja qual for a distância da nossa casa até o local de prova, vai sempre parecer que todos os sinais ficam vermelhos quando mais se tem pressa, que a fila do engarrafamento na qual se encontra é a única que não anda e que ao chegar, nem dará tempo de comprar uma água, um chocolate ou um drops. Se é que tem como o cenário ficar pior, a fila do banheiro minutos antes da prova parece interminável... 

Aí depois, alguns milésimos de segundos - parece uma eternidade - antes de se entregar as provas aos candidatos, você confere se desligou o celular, se tirou o relógio, se a caneta é de tinta preta, transparente e se tem carga... Vê um burburinho entre um ou outro candidato  e aí lá vem o inacreditável...
Não que tenha surgido de súbito, um furacão, terremoto ou algo similar, mas uma situação corriqueira, de alguém que notou não ter trazido uma caneta preta, só azul. E agora? Pergunta-se à fiscal de sala? O que pode parecer deveras banal no cotidiano, nessa situação, pode ser um problemão. Solícita, mas indiferente - se é que tal é possível - a fiscal diz que não lhe é permitido emprestar material, porém se algum outro candidato o puder, problema nenhum tem.

"Mas como?" Brada uma pessoa indignada. "Isto é absurdo! O edital proíbe." 
Outros, estupefatos, dizem quase em coro: mas ainda nem começou a prova, não pode durante! 
Não é o que tá previsto no edital! Contesta com uma certa f'uria a incomodada com tal mesquinharia. 
A fiscal fica sem graça, nem tem como esconder...
Alguém repete: Não pode durante a prova, não precisa estar escrito, é óbvio!
Outros burburinhos pairam no ar..."Que babaca!"... "'E serio isso?"
Mas a pessoa insiste em reclamar...
Sem saída, a fiscal vai até sua superiora perguntar. E se deduz que a resposta seria não, mesmo antes da prova, não se pode emprestar material. Dito e feito.

Outras pessoas se indignaram. Outra, solícita, disse que daria uma de suas canetas reserva, em vez de emprestar...
Eu, por timidez ou medo, seguro-me para não falar: Se fosse assim, que se retirem da sala quem tiver lanches, água ou qualquer algo do tipo, afinal o edital decreta: em cima da mesa somente a identidade e a caneta preta fabricada em material transparente! Logicamente, com o mode on sarcástico ligado.
Todavía, o cenário do feito mesquinho ia ficando para trás... O sinal estava prestes a tocar e agora cada um faz sua parte e Deus por todos! Vida de concurseiro é labuta, luta constante, quase que interminável...
E com certeza, faz parte, situações tão esdrúxulas, que beiram ao surreal e ridículo...