


Por vezes me pergunto o que se passa na cabeça das pessoas? Dia desses ao sintonizar na rádio Band News FM,ouvi uma reportagem acerca de comportamento que me chamou bastante a atenção... Comentava-se do fato cada vez mais comum, de se terminar uma relação, via internet, seja por Orkut, Facebook, Twitter, e-mail; etc. Apresentado este fato, outros ouvintes mandaram suas mensagens comentando de casos que vivenciaram ou que alguém conhecido deles tenha vivido. Sinceramente, acho lastimável quem toma repreensível atitude... Uma relação não é como um chiclete que já perdeu o gosto e num piscar de olhos se troca por uma nova goma de mascar... Com o perdão da esdrúxula comparação. Se acontecer de um perceber que não ama mais ao outro, como antigamente, isso não lhe dá direito de não demonstrar o mínimo respeito para com a pessoa, além de ser uma situação vexatória na qual se abdica da privacidade e expõe-se e expõe o outro, à milhões de curiosos - ou seriam bisbilhioteiros internautas? - que consideram como passatempo bisbilhiotar scraps alheios. Na verdade, é apenas mais um sinal da crescente inversão de valores... De um valor básico e fundamental, "o de não fazer ao outro o que não gostaria que fizessem a você!". Ora, quem em sã consciência desejaria levar um fora de forma fria, calculista e sem a oportunidade de olhar cara a cara nos olhos dos outros e sem ter platéia, seja ela presencial ou virtual? O que aconteceu com aquele sentimento entre duas pessoas; real, vívido e intenso que existia a pouco tempo? Se acabou, virou pó e desprezo? Falta de consideração? Ainda que não se possa dar uma resposta exata, mas somente uma opinião, trata-se de pura covardia... afinal, uma relação a dois, como o próprio número diz, depende dos dois para dar certo, cada um fazendo sua parte e, quando isto não ocorre, é simplório demais, jogar a culpa para apenas uma das partes... Será o ato covarde de terminar via internet um jeito de fugir da sua parcela de culpa no desgaste da relação, para quem opta por fazê-lo? Ou apenas egoísmo puro e falta de consideração para quem um dia se jurou amar? A questão é que apesar de todas as vantagens que a Internet possa oferecer - no âmbito da comunicação, especialmente - ela concede a oportunidade para atos vis de indivíduos covardes; que se esquecem de uma relação outrora boa, que lhes havia concedido felicidade. Tornando-se um espaço onde se esquece de regras mínimas de etiqueta e de bom senso, contribuindo para inverter valores e comportamentos em escala global. 

Há no ar um certo queixume sem razões muito claras. Converso com mulheres que estão entre os 40 e 60 anos, todas com profissão, marido, filhos, saúde, e, ainda assim, elas trazem dentro delas um não-sei-o-quê perturbador, algo que as incomoda, mesmo estando tudo bem. De onde vem isso? Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio Cícero, uma música que dizia: 'Eu espero/ acontecimentos/ só que quando anoitece/ é festa no outro apartamento'. Passei minha adolescência com a mesma sensação de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha convite. É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os outros são - ou aparentam ser. Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligada na grama do vizinho... As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias. Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas fraquezas... Então, fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas, quando, na verdade, a festa lá fora não está tão animada assim! Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente. Só que os motivos pra se refugiar no escuro raramente são divulgados. Prá consumo externo, todos são belos, sexy, lúcidos, íntegros, ricos, sedutores, enfim, campeões em tudo! Fernando Pessoa também já se sentiu abafado pela perfeição alheia - e olha que na época em que ele escreveu estes versos não havia esta overdose de revistas que há hoje, vendendo um mundo de faz-de-conta: 'Nesta era de exaltação de celebridades - reais e inventadas - fica difícil mesmo achar que a vida da gente tem graça.' Mas tem. Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia.. Ou será que é tão divertido passar dois dias na Ilha de Caras fotografando junto a todos os produtos dos patrocinadores? Compensa passar a vida comendo alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige? Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai de casa? Estarão mesmo todos realizando um milhão de coisas interessantes enquanto só você está sentada no sofá pintando as unhas do pé? Favor não confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista. As melhores festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento...
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"Não há dúvida de que os mecanismos que causam o estresse existem para nos proteger e nos manter vivos. O problema está na resposta do corpo a situações estressantes, que pode nos levar à exaustão" (Bruce McEwen)