01 junho 2011

Amor e Revolução

Muito se fala que o brasileiro tem memória curta... O fato é que, para se ver boas obras da teledramaturgia que relembrem momentos importantes da nossa história - sejam eles bons ou não - é preciso saber escolher... Já comentei aqui acerca da novela do SBT, Amor & Revolução, acho louvável a iniciativa de uma novela que mostre mais do que apenas traição, uns passando a perna nos outros o tempo todo, peitos e bundas e todo e qualquer tipo de prosmicuidade, mas ao mesmo tempo é preciso zelo... A novela do SBT peca pelo excesso, seja de um elenco medíocre - com exceção de Cláudio Lins - seja pelo equívoco de mostrar apenas um lado de uma complexa história e investindo-se em enfatizar o lado pesado, sombrio... Bem, acredito que se deva dar um desconto, afinal Thiago Santiago ainda tem muito a aprender, em especial depois daquela sofrível Mutantes; a qual escreveu quando ainda era da Record. Se tivesse de aconselhar aos jovens, um programa para entreter e ao mesmo tempo, entender um pouco sobre os anos de chumbo, só me restaria indicar a série Anos Rebeldes de Gilberto Braga, reprisada desde o dia 30 de Maio, às 23h 45 pelo canal Viva da TV por assinatura. Primeiramente, por ser um trabalho dos tempos áureos de Gilberto, de tamanha qualidade, tanto quanto sua outra obra prima: Vale Tudo. Aliás, séries e novelas nacionais, eram boas as antigas, de uns tempos pra cá, a "qualidade" decai cada vez mais - talvez, Cordel Encantado possa estar fora dessa - Mas enfim, Gilberto soube como ninguém narrar acerca de tempos difíceis, mas sem perder um quê de ternura, tendo em vista a paixão do casal protagonista: Maria Lúcia e João Alfredo, interpretados pelos talentosos Malu Mader e Cássio Gabus Mendes. Esses dois tem química, tem entrosamento... nos faz gosto vê-los em cena, para além de nos informamos dos desmandos daquela época...
Além disso, Cássio soube cativar com sua performance, fazendo-nos torcer pelo João, assim como a Maria Lúcia de Malu Mader demonstra bem que se opunha ao regime da época, mas igualmente era contra violência, seja ela praticada por um militar, ou por um contrário ao regime - sim, porque ainda hoje se acreditar que os militares eram vilões demoníacos e do outro lado só havia santinhos, é no mínimo ingenuidade - A série Anos Rebeldes, sabe mostrar Amor e Revolução sem se utilizar de clichês, sem cenas caricatas, técnicas demais, sem emoção... A série tem outros personagens marcantes, para além dos protagonistas, como a Heloísa interpretada magistralmente pela Cláudia Abreu e permanece na memória cativa de quem a assistiu pela primera vez em 1992.  É uma série que apesar do horário péssimo, vale a pena ver de novo. O Cláudio Lins coitado, por mais talentoso que seja não vai segurar o pique sozinho por muito tempo... E sinceramente? Ter de ver naqueles depoimentos finais, pessoas como um certo Zé Dirceu pousando de santo... como se diria num famoso bordão de novela, Não é brinquedo não!
 

Anos Rebeldes/ Sinopse: 

O cenário é o Rio de Janeiro da classe média e a trama segue o romance entre os jovens Maria Lúcia e João Alfredo, e a trajetória de um grupo de colegas do tradicional Colégio Pedro II, desde 1964, quando se formam e se instala no Brasil o violento regime de ditadura, até 1979, altura em que a política governamental terá já influenciado definitivamente os seus destinos.
Maria Lúcia é uma jovem individualista, traumatizada com a história do pai, Orlando Damasceno, um jornalista conhecido e membro do Partido Comunista, que sempre colocou seus ideais acima da realização pessoal. Quando ela conhece João Alfredo, percebe que ele tem o mesmo perfil do pai e tem medo de se entregar à paixão. João, por sua vez, é um jovem de classe média extremamente preocupado com as questões sociais do país. Ao se apaixonar por Maria Lúcia, ele fica dividido entre o relacionamento afetivo e a militância política.
O melhor amigo de João, Edgar, também se apaixona por Maria Lúcia e passa a disputar o amor da jovem com João Alfredo. Com o perfil oposto ao do amigo, Edgar não se envolve com as questões sociais do país, preferindo investir na profissão e na felicidade pessoal.
Apesar de se amarem, Maria Lúcia e João Alfredo vivem em conflito por causa da política e da ideologia de cada um. O namoro dos dois fica ainda mais difícil quando ele decide entrar para a luta armada. Após muitos encontros e desencontros, os dois acabam se separando definitivamente. Ela se casa com Edgar, e João, perseguido pela ditadura, é obrigado a sair do país.
Entre os companheiros do movimento está Heloísa, filha do poderoso banqueiro Fábio Brito, que ajudou a financiar o golpe militar de 1964. De garota rica e mimada, Heloísa dá uma reviravolta em sua vida ao entrar para luta armada.
O destino dos personagens está diretamente ligado ao momento político do país, que não atua, na minissérie, apenas como pano de fundo, como ocorreu com o período histórico da minissérie Anos Dourados, também de Gilberto Braga.

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