10 agosto 2009

Agruras e (des)venturas de um concurseiro...

Mais um dia como outro qualquer estava por vir... Seriam aquelas mesmas atividades rotineiras, exaustivas, enfadonhas e deprimentes... Acordar, tomar café e em seguida "afundar-se" em meio à tantos livros e apostilas... Fazer o que? Concurseio não tem outra opção!Por vezes, a mente viajava por lugares longínquos. Era, talvez, a única forma de relaxar; em meio à tamanha obrigação. Artigos, incisos, alíneas liam-se por horas afins... a mente prestes a pifar, ou algo que gerasse sensação similar...
O pior era que cada vez mais se instalava a certeza de que leis eram meras letras mortas! Na prática, o cumprimento delas era algo tão abstrato, quanto impossível! Como seria de se esperar, a inquietação lhe assombrava a mente. Quantos passeios e momentos ao lado dos amigos, já teria perdido por ano? Quantos planos pessoais já tivera de abdicar? E, sobretudo, angustiava-lhe pensar, em quanto tempo mais se prolongaria aquela árdua tarefa?! Nessas horas, surgiam vontades repentinas de arrumar o quarto, ler aquele livro enjoativo que outrora havia sido abandonado... Mas isso não era nada, perto dos inconvenientes familiares que quando não pressionavam-o, faziam barulho, pediam favores em horas inoportunas...
Quando se via, o tempo passava mais rápido do que um piscar de olhos, e nem parte mínima do programa de estudos havia se cumprido. Desta forma, o concurseiro se desanima, se angustia... Sua segurança fica abalada; fazendo-o se sentir despreparado e sempre aquém daquele patamar que deveria atingir... Procurando inspiração, ou talvez; conselhos, ele pesquisa dicas de quem já atingiu o objetivo-mor, o sonhado cargo público e tão almejada estabilidade... Desespera-se ao ler que a maioria, em suma, indica-lhe se tornar um robô, um ser que só interrompe os estudos para satisfazer as necessidades fisiológicas, para comer, parar tomar banho e para dormir... 24 horas, parecem quase nada, ao ser recomendado que se estude, no mínimo, 16 horas por dia...
"É uma tarefa árdua e cansativa, porém necessária" pensa o concurseiro. E, dividido entre a ideia de que passar num concurso é mais difícil do que ganhar na loteria, dependendo mais de sorte do que de outra coisa qualquer; e, de que só lhe resta investir na persistência e determinação, além de horas e horas de estudo... O concurseiro volta à sua rotina repetitiva e cansativa, sem objeção, apenas em busca de atingir um sonho, deveras; quase inalcançável!

5 comentários:

  1. Pôxa não deve mesmo ser fácil.
    Abraços forte

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  2. Muito bom esse texto! E tenho certeza q é a realidade mesmo.

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  3. Nossa, isso é péssimo. Pior que é como você, passar em concurso é preciso sorte, e não apenas o estudo. mas desejo toda sorte do mundo pra você... e tenho certeza que sua hora vai chegar. :)

    Bjs.

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  4. Lillyca:

    Por acaso, e por sorte sua, você está falando com um ex-concurseiro profissional, daqueles que faziam concurso até sem precisar, pelo simples prazer de passar e se autoafirmar. Eu era assim. Fazer concurso para mim era vício e até hoje tenho saudades. Quando vejo um edital de um bom concurso chamo meus filhos e digo:"Faça este! Aqui está uma boa chace." Por vezes, se pudesse, queria fazer o concurso no lugar deles, apenas para provar-lhes que é possível.

    Felizmente, hoje não preciso mais. Atingi meu objetivo maior passando em 4º lugar num concurso para Auditor Fiscal da Receita e dei-me por satisfeito. Minha carreira já se encerrou e hoje só dou dicas para meus filhos, mas só funcionou bem para um 9depende da pessoa e de vários outros fatores).

    Lamento ser mais um a te dar o repetido conselho: se puder, durma só 6 horas por dia e dedique 18 ao estudo. Foi assim que fiz e deu certo.

    Quanto à crônica, relata muito bem as angústias de um concurseiro. Parabéns!

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  5. Também creio que passar em concurso não depende só de conhecimento. Realmente é preciso contar com fatores aleatórios fora do nosso controle.

    É um excelente texto, Lilly.

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